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Análises

Cryptomarkets – a primeira bolha sem bancos da história?

Quando comecei a escrever e a investir em cryptoassets(não, eu não chamo o bitcoin ou qualquer outro ativo digital de moeda), tive um vislumbre vago de que, em algum momento, o dinheiro real começaria a se precipitar, oriundo da carteira das pessoas, que foi o primeiro momento e no segundo momento, das mesas de operações dos bancos, corretoras e da omnipresente Wall Street. Uma vez que os banqueiros sentem cheiro de dinheiro e oportunidade a léguas de distância. Mesmo que para obter esse dinheiro, eles passem por cima de seus dogmas, não é mesmo JP Morgan.

Demorou para os poderes constituídos do mercado, se interessarem de fato pelo fenômeno das cryptomoedas, em particular, seu principal expoente, o bitcoin. Contudo, alguns eventos gatilhos fizeram disparar o farejômetro do mercado financeiro.

Em setembro, 10 mil pontos atrás, eu tinha certeza disso (veja: você pode sentir o cheiro no ar).

 

A partir daí, deu-se a largada da corrida pelo ouro. Wall Street está batendo nas portas. Há reuniões e eventos realizados em todos cantos para tentar descobrir uma maneira de entrar. Uma das principais instituições financeiras globais, dizem os funcionários, anda bradindo pelos corredores: “como descobrir como custodiar esses cryptoativos?”- uma prioridade máxima internamente, dentro dessa instituição. Infelizmente, minha fonte não me deixa revelar qual instituição tá nesse frenesi.

Enquanto as instituições oficiais, não sabem ainda como entrar no jogo. Na Gemini, exchange dos irmãos Winklevos(do Facebook, lembram?), o preço de um Bitcoin acabou de mudar de mãos por mais de US$ 10,418.00! E há fila de espera para obter acesso ao marketplace que os gêmeos criaram. Os primeiros bilionários conhecidos publicamente com Bitcoin nas carteiras.

Aqui no Brasil também temos visto uma explosão de interesse pela cryptomoeda. A Foxbit, maior corretora da América Latina, teve um acréscimo de mais de 500% na base de  clientes nos últimos meses. Todos ávidos por Bitcoins. Embora tenha havido um enfraquecimento nessa demanda, desde os últimos dips. Ainda assim estamos diante de uma onda que não tem mais volta. O Bitcoin veio para ficar e vai continuar a atrair milhares de investidores e grandes interesses.

Se o bitcoin é uma bolha, pasmem. Trata-se da primeira bolha sem bancos da história moderna. Nunca houve um fenômeno como este, onde o público em geral, num movimento de massas, bate o Big Money. Geralmente esse fenômeno funciona de outra maneira – Wall Street lança uma história, enriquece-a e a vende aos ricos, finalmente, quando os ricos já estão empapuçados, os banqueiros criam os mecanismos de varejo e as vende às famílias que sonham em pagar suas hipotecas, seus fundos estudantis e criar seus colchões de liquidez para aposentadoria e assim termina uma longa cauda de geração de lucros.

Contudo, no mercado de cryptoassets, eles não têm lucros atualmente, porque não possuem nenhum bitcoin em carteira. E para piorar a sensação de desnorteamento do mercado, ninguém precisou deles para criá-los, promovê-los, trocá-los, embalá-los, exagerá-los, segurá-los, analisá-los, gerenciá-los, custodiá-los, armazená-los, movê-los, alavancá-los ou mesmo precisou deles para alguém falar sobre isso.

Trata-se de um fenômeno de massas, exponencial e 100% descentralizado. Como Wall Street que é um imenso concentrador, poderá se inserir nesse mercado descentralizado? Afinal, a ideia original do Bitcoin é um germe destruidor do sistema bancário e monetário. Por isso tantos receios, tanta dúvida e atraso na entrada de Wall Street nesse negócio. Contudo, não há dúvida, eles vão entrar e não será usando o biombo tecnológico do blockchain. Que tem sido usado como desculpa para ir se infiltrando na onda das cryptomoedas. Em algum momento eles não resistirão ao som das moedas escoando para exchanges em busca de mais Bitcoins e vão entrar no jogo. Isso é um fato. Nesse momento pode sim haver uma bolha ou pode significar o estouro desta.

Contudo, vale destacar, que o única paralelo que há entre as cryptomoedas e o estouro da bolha .com no início dos anos 2000, é a exuberância irracional da quantidade de dinheiro que foi investido em empresas .com e atualmente nas ICO. Se há algum risco de estouro de bolha, essa bolha está nas ICO.

A ironia de tudo isso é que o whitepaper do Bitcoin surgiu diretamente da crise em 2008. Quando Wall Street sofreu a explosão de sua última e mais longeva bolha, a bolha dos subprimes.

karma in action?

Empreendedor, Cientista de Dados e cryptopesquisador.

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