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Análises

Hash Rate é algo a ser observado nos próximos meses

Há diversos analistas que relacionam a quantidade de hashs produzidos a subidas e descidas de preços dos cryptoativos. Essa questão é alvo de debates acirrados. Afinal, quem veio primeiro, o hash rate ou os preços?

Aqui nessa coluna, já me pus como favorável à hipótese de que preços puxam o mercado de mineração, porém concedo que há a possibilidade da causalidade reversa. Essa causalidade viria da competição entre cryptomoedas: se quero transações seguras, por que eu iria para o Bitcoin Cash se tenho o Bitcoin? Nesse caso, as transações mais valorosas ficariam na maior rede.

Contudo, há como imaginar a questão por um prisma menos direto. Empresas que produzem ASICs tendem a ter mais informação que nós, meros investidores ou entusiastas no Brasil. E, de acordo com uma série de fontes, tanto empresas consolidadas como Bitmain e novas entrantes acreditam que é um bom momento para investir. O que pode significar isso no atual contexto?

Nos últimos meses, desde o fork do Bitcoin Cash, temos que a hashrate do Bitcoin caiu consideravelmente, sem ter se recuperado desde então. Havia alguma incerteza devido à anunciada hashrate war entre Bitcoin Cash e Bitcoin SV.

Após ser concluído que isso não afetaria o Bitcoin, nada mais esperado que empresas com projetos tecnológicos parados por causa do fork voltassem com algum afinco. Isso necessariamente é uma boa notícia?

Uma questão que economistas normalmente desconsideram é que empresas não necessariamente são racionais. Há um viés causado por fundo afundado na decisão de gestores. Vejam o caso da Bitmain, apesar do mercado estar em queda, ela está lançando novos produtos.

Por que? Porque suas maiores capacidades vão na direção de fazer ASICs e aproveitar custos baratos de energia elétrica.  Ela pode até diversificar, como pretende, mas não pode desconsiderar seus recursos atuais. O mais motivador não é tanto sua ação, mas a entrada de novos competidores que, com alguma informação ou decisão provavelmente informada, decidiram alocar capital para desenvolver capacidades nesse mercado.

Por enquanto, vejo essas notícias como parcialmente positivas. A causa da hashrate war diminuiu e pode haver informação nova correndo e motivando investimentos. Entretanto, há outros elementos a serem vistos. O número de endereços usados no Bitcoin ainda não retornou aos níveis de janeiro de 2018, assim como o volume transacionado.

A tendência nesses valores é bem pouco significativa, por enquanto. Vale esperar umas semanas para ver se essa racionalização parece ter alguma fundamentação real, porém definitivamente hash rate é algo a ser observado pelos próximos meses.

A tendência de baixa, no entanto, fornece alguma informação sobre as margens operacionais. Na melhor das hipóteses, a mineração no Antminer S9 e os custos de eletricidade no atacado, as mineradoras exigem uma margem bruta de lucro de 30 a 45% para ficarem on-line. Do pico do Hashrate em agosto até novembro, quando a energia começou a declinar, as mineradoras obtiveram uma margem bruta média saudável de 56%. Isso caiu para 39% na semana passada com o preço do Bitcoin forçando 20% dos mineradores a desligarem os equipamentos.

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