EOS finalmente lança seu blockchain

Após uma incerteza prolongada, o blockchain da EOS está agora está ativo e pronto para uso.

Após meses de testes e votações, um dos lançamentos de blockchain mais esperados do ano foi ao ar às 18h. UTC em 14 de junho.

A plataforma blockchain que alguns apelidaram de “Ethereum Killer”, como já noticiado outrora aqui nesse portal, tem como objetivo ajudar a melhorar a escalabilidade do blockchain e impedir qualquer eventual fork, permitindo que os produtores de blocos trabalhem juntos para completar os blocos, em vez de competirem para serem os primeiros a verificar cada bloco.

Para que o projeto se tornasse ativo, um mínimo de 150 milhões de tokens, quinze por cento do total, teve que ser alocado em uma votação para eleger os produtores de blocos.

Um bloco é considerado válido e as funções normais são ativadas. Todos os Produtores Independentes de Bloco (ABP) serão imediatamente substituídos pelos Produtores de Bloco Eleitos (BPs) que foram votados pela comunidade após a ativação.

O projeto blockchain da EOS foi tecnicamente lançado em 9 de junho, mas ficou parado porque a empresa não conseguiu escolher os produtores de blocos apropriados. Houve algum desacordo sobre se o software deveria ser lançado com as funções de uma vez ou não.

O que e quem é EOS? O novo sistema blockchain deve ser uma alternativa muito mais rápida e eficiente ao Ethereum. O Ethereum foi projetado para ser não apenas uma criptomoeda, mas também uma plataforma para executar programas de computador baseados em blockchain chamados contratos inteligentes. Mas é lento processar as transações, porque todos os nós da rede Ethereum devem acompanhar cada saldo da conta e o estado de cada contrato inteligente. Os desenvolvedores da EOS dizem que delegando a responsabilidade de processar as transações para apenas 21 “produtores de blocos”, que devem ser eleitos pela comunidade de detentores de tokens, o sistema poderá atingir milhares de transações por segundo (comparado com apenas 15 por segundo para Ethereum).

Uma startup chamada Block.one está liderando o desenvolvimento do software da EOS. Seu CTO, Dan Larimer, criou anteriormente a plataforma de serviços financeiros baseada em blockchain, a BitShares, bem como a Steemit, uma plataforma de publicação sobre cryptomoedas. Cada um contou com um novo protocolo de consenso chamado “prova delegada de participação”, que Larimer também está usando com a EOS.

Não há mineiros

em cryptomoedas como Bitcoin, os nós chamados “mineradores” gastam muito poder computacional competindo por chances de adicionar “blocos” de transações à cadeia em troca de moedas digitais. A EOS dispensa a mineração em favor de permitir que os detentores de tokens possam eleger produtores em bloco, com poder de voto correspondente ao número de tokens que um indivíduo ou organização detém. A abordagem deve acelerar o processamento de transações, mas também atraiu críticas. O criador da Ethereum, Vitalik Buterin, argumentou que isso torna o sistema vulnerável à compra de votos, permitindo que alguém consolide o poder na rede.

Os tokens EOS foram congelados para trading na blockchain Ethereum desde junho de 2017. Mas esses tokens não foram baseados no blockchain do EOS, então foram executados na rede Ethereum. Há algumas semanas, os tokens EOS baseados no Ethereum foram “congelados” para que seu valor pudesse ser transferido para a mainnet. Só hoje eles foram desbloqueados, terminando um longo processo de votação.

Isso porque a rede finalmente atingiu o limite de votos exigido para eleger seus 21 produtores de bloco. Isso não poderia acontecer até que os detentores de tokens tivessem alocados 15% de todos os tokens do sistema para votar nos candidatos (os tokens não são gastos; eles são usados ​​como votos digitais, mas retornam quando a votação termina). A votação requer que os titulares usem suas chaves criptográficas privadas, o que é tecnicamente complicado e arriscado se as pessoas não forem cuidadosas. Pode ter sido por isso que demorou tanto – alguns titulares podem não ter a competência técnica para votar, e outros podem não ter tido acesso a suas chaves privadas se seus tokens foram mantidos em exchanges. Outra teoria é que os titulares com grandes quantidades de tokens estavam esperando para ver o que outros fizeram antes de lançar seu voto reforçando que pela rapidez com que a contagem saltou de 110 a 150 milhões hoje, depois de quase duas semanas de movimento lento.

Perguntas que não querem calar

A EOS estava errada ao instituir votações baseadas em tokens? O processo é “descentralizado” o suficiente, dado que os 100 maiores detentores possuem cerca de 75% dos tokens? Talvez mais importante, toda a rede EOS será descentralizada o suficiente agora que escolheu seus 21 produtores de blocos? E será que isso importará se o blockchain funcionar como anunciado? A descentralização comprometida por uma questão de velocidade e eficiência pode realmente impulsionar o sucesso comercial convencional. Primeiro, porém, a rede terá que descobrir como se governar de maneira eficiente.

Só para constar: Há US$ 4 bilhões congelados nesse lance.

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Leandro França de Mello

Empreendedor, Cientista de Dados e cryptopesquisador.