Análises

Fique atento às oportunidades de longo prazo com Forks nas moedas digitais

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Uma das principais barreiras para investidores mais conservadores, entre eles institucionais consolidados como bancos e fundos de investimento são regulações. Ativos financeiros são fortemente regulados por diversos motivos, o principal a falta de confiança. Empresas precisam seguir padrões contábeis para evitar que investidores sofram como no caso da Enron, por exemplo. Derivativos precisam de um intermediário não apenas para encontrar posições opostas, mas também para assegurar que essas partes evitem calotes entre si. De maneira geral, regulações favorecem no sistema financeiro.

Dez anos após o surgimento do Bitcoin, ainda há questões abertas sobre como regular os criptoativos. Por um lado, há fortes demandas por regulações que visam minimizar o uso desses ativos por terroristas ou laranjas. A preocupação é menos a qualidade do ecossistema de ativos digitais e mais regulações típicas a respeito da segurança nacional e internacional. Atualmente, exchanges e outras organizações atualmente atualizam seus processos para sinalizar capacidade de atender essas demandas.

Entretanto, pouco se fala sobre a natureza das atualizações de uma criptomoeda. Os times de core developers, ao contrário de administradores, não são regulados. Por um lado, essa regulação é desnecessária: no caso de uma falha, mesmo uma urgente e de grande valor financeiro, há a possibilidade de hard forks que geram novas redes com a estabilidade anterior. Isso foi feito no Ethereum no processo do TheDAO e, a longo prazo, a rede conservou valor. Há uma natureza autorregulada nas criptomoedas dada pela possibilidade de hard forks. Mesmo assim, cada vez mais Core Developers apostam em governança e resistência a hacks. Um belo exemplo é esse texto sobre como o Core BTC funciona.

Pelo outro lado, o cenário não é tão bonito. Mesmo hard forks possuem fricções e causam instabilidades no curto prazo. Poucas institutições financeiras desejam que seus ativos passem pelo ocorrido com o Bitcoin Cash no último fork. Contudo, esse dano é relativamente pequeno se analisarmos a questão em termos de Bitcoin: O BCH dia 2 de outubro valia 0.078 BTCs aproximadamente; hoje em dia, a soma do BCH e BSV fica 0.065. É uma queda esperada dada a volatilidade do mercado de criptoativos, apesar de efetivamente representar uma perda de valor. A questão é que se ainda há expectativa de uma criptomoeda virar uma grande reserva de valor, essa queda não é tão relevante e o que importa é a estabilidade de um time sobreviver a longo prazo criando uma tecnologia estável e de uso sempre necessário (um meio de pagamento escalável, por exemplo).

Na economia real, um ativo com a natureza tão autorregulada é improvável. Mesmo Banco Centrais independentes por vezes encaram fortes desafios. Nos EUA, principal economia do mundo, há atualmente um problema inédito causado por Donald Trump. O presidente americano promoveu uma política fiscal percebida como fortemente expansionista e isso traz riscos de inflação segundo as teorias mais aceitas pelo mercado. O Banco Central precisa, dessa maneira, aumentar a taxa de juros. Quando o presidente Trump disse que isso seria inaceitável, criou um dilema: se o Banco Central não faz nada ou aumenta pouco, deixa a impressão de que houve influência política. Se aumenta demais, há a recessão da economia e, financeiramente, o dólar se torna pouco atrativo perto de títulos de uma dívida que aumenta constantemente. Há uma escolha de Sofia causada pela ingerência de um player que se provou pouco accountable às instituições econômicas.

Por agora, não há grandes danos aos EUA, posto que eles são a maior economia do mundo e imprimem dólar. Lá há robustez a choques inimagináveis no curto prazo, algo que criptomoedas não têm. Em todo caso, a governança da estrutura não parece profundamente confiável, seja em cripto, seja em dólar. Pior que sejam, forks possibilitam transições rápidas entre padrões e se livrar de elementos ruins de governança rapidamente. Há, pela própria natureza dos ativos, uma autorregulação única nessa classe de ativos. Ainda que no curto prazo isso seja difícil de perceber, a médio prazo com ondas de populismo, a política tradicional que depende de regulação pode favorecer às criptomoedas mais consolidadas. Isso não é uma previsão para 2019 ou 2020, porém é uma possibilidade de cauda que vale estar atento.

Por Jamil Civitarese/Investing.com

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