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Brasil perde em volume de Bitcoins para outros países da América Latina

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É inegável a importância do Brasil no contexto geopolítico dentro da América Latina e sua importância econômica para os mercados de capitais, que sempre veem o Brasil como destino certo para investimento estrangeiro, muito devido a sua indústria e mercado de commodities, em destaque para a agricultura e pecuária.

Contudo, no que tange ao mercado de criptoativos, embora ainda tenhamos os maiores players, que se resumem nas exchanges brasileiras, tendo o Mercado Bitcoin como a maior exchange do continente; ainda assim perdemos em volume de transações P2P de Bitcoins, para alguns países da América Latina.

Há uma forte correlação entre hiperinflação, essas economias e as intensas operações via P2P nestes países. Conforme estudo promovido pelo Cryptowatch em 2018. No caso da América Latina essa correlação é ainda mais evidente, quando comparamos as praças que apresentam volumes de transações P2P maiores que do Brasil, que opera essencialmente via exchanges, ao contrário dos demais países, latinos.

Os países estudados nesse artigo, operam essencialmente, via LocalBitcoins, a maior bolsa de P2P do mundo. A Localbitcoins é a bolsa de Bitcoin mais antiga e mais popular no mundo, com o volume de negócios aumentando de menos de US$ 100.000 por semana em 2012 para mais de US$ 40 milhões por semanalmente, de acordo com dados da Coin.Dance, no dia 04/07/2020.

Na Localbitcoins, compradores e vendedores atuam diretamente entre si, usando vários métodos de pagamento fiduciários, desde transferências bancárias até cartões-presente. Aqui, discutiremos os países com um volume de negociação via Localbitcoins em rápido crescimento. Não por acaso são geralmente países que estão passando por crises inflacionárias ou países que promulgaram severas regulamentações sobre o comércio de Bitcoin, deixando a negociação peer to peer como a única opção. Como é o caso da Venezuela.

País

Último

Anterior

Referência

Venezuela

2297%

2312

2020-05

Argentina

42.1%

44.2

2020-05

Suriname

26.2%

17.6

2020-04

Uruguai

10.36%

11.05

2020-06

Chile

2.6%

2.8

2020-06

Honduras

2.29%

3.33

2020-05

Colômbia

2.19%

2.85

2020-06

Brasil

1.88%

2.4

2020-05

Guatemala

1.8%

1.88

2020-05

Peru

1.6%

1.78

2020-06

Bolívia

1.44%

1.23

2020-06

Tabela: TradingEconomics

A Venezuela possui a maior inflação do continente e não por acaso, é o país que possui o maior volume de Bitcoins negociados, seguida por Colômbia, Argentina, Peru, Brasil e Chile, entre os maiores volumes das Américas.

Os países da América do Sul, onde as pessoas usam o Localbitcoins, estão vendo um volume de rápido crescimento ao longo de 2018, a despeito da baixa que o mercado vivenciou todo esse ano, e isso parece ser devido a uma crise de inflação fiduciária em todo o continente.

Na Argentina, o volume de negociação da Localbitcoins aumentou de ARS 1 milhão para ARS 9 milhões desde o início de 2017 e no dia 04/07/2020 alcançou a marca de ARS 101.446.892 milhões. O Peso Argentino (ARS) experimentou simultaneamente uma inflação de 42.10% em relação ao dólar, anualmente. A hiperinflação do Peso Argentino em si não produz o aumento de 4X no volume de negociações de Localbitcoins, comparando com janeiro a julho de 2020, então, claramente, a quantidade real de negociação de Bitcoin peer to peer na Argentina também está aumentando rapidamente graças à desvalorização do Peso Argentino.

Imagem: Coin.Dance

Interessante destacar nesses dados, a questão da repressão sobre as transações com Bitcoins na Venezuela, onde há forte repressão estatal contra os mineradores e negociantes venezuelanos.

A Venezuela está experimentando a crise de hiperinflação mais conhecida no mundo atualmente, com uma taxa de inflação superior a 3.471%, segundo o Índice Cafe Con Leche da Bloomberg, e um colapso total do Sovereign Bolivar (VES), aparentemente iminente.

O volume de negociação na Venezuela está aumentando exponencialmente, de 8 mil no início de 2017 para 1 bilhão de bolivares no dia 04/07/2020, o que equivale 544 BTC (R$ 27.424.352,22). É provável que grande parte desse aumento de volume possa ser explicado pela adoção das criptomoedas que proliferam em toda a Venezuela, à medida que seus cidadãos transferem seu dinheiro para estas, a fim de se protegerem contra condições hiperinflacionárias.

Imagem: Coin.Dance

Em contrapartida na mesma data o Brasil apresentou 10x menor que a Venezuela.

Imagem: Coin.Dance

No dia 04/07/2020 foram negociados via LocalBitcoins no Brasil R$ 2.301.459 em Bitcoins.

Panorama geral

O brasil possui uma cultura de transações de Bitcoins mais focado no uso das exchanges como ponte. No instante dessa redação o volume de Bitcoins negociados na MercadoBitcoins foi de 171 BTC.

Mas comparando os gráficos abaixo vemos que o Brasil perde para México, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Venezuela, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile, em termos de negociações nas últimas duas semanas, segundo dados da UselfulTulips.

Imagem: UsefulTulips

Mas essa preferência pelas exchanges e a estabilidade econômica diante dos demais países latinos, não explica tudo. Pois se compararmos os dados da LocalBitcoins e da Paxful, o Brasil permanece atrás dos demais países citados e perde para o Peru, por exemplo.

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