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Análises

Como o serviço da LocalBitcoins fatura US$27 milhões por ano?

US$ 27 milhões – foi o que o serviço LocalBitcoins ganhou no ano passado graças a um negócio que começou em 2011 com um investimento de apenas alguns milhares de dólares. Este é um dos locais mais antigos e controversos para a troca de Bitcoins. Atualmente, conta com aproximadamente 20 funcionários em todo o mundo e 4 milhões de contas, das quais 40% foram registradas nos últimos seis meses.

Informação dada por Nikolaus Kangas, CEO da empresa, que fundou com seu irmão Jeremias em um momento em que havia apenas alguns serviços semelhantes. Até hoje, a plataforma continua a prosperar, mesmo com a forte concorrência dos mercados de capital de risco que aumentaram significativamente nos últimos anos.

É claro que o mercado p2p tem uma parcela relativamente pequena do comércio mundial de Bitcoin: na semana passada, o serviço processou operações na ordem de US$ 62 milhões (segundo dados da Coin.Dance). Talvez seja ainda menos do que o volume diário negociado nas exchanges em geral, mas o serviço é ótimo em mercados que são ignorados por grandes empresas.

No Brasil, por exemplo o pico de negociações aconteceram em agosto do ano passado, com volume de quase R$8 milhões em um dia.

Mas mesmo tendo um volume abaixo de uma exchange, o volume negociado no última dia 14, foi da ordem de R$1,5 milhão. Nada desprezível para uma plataforma 100% P2P. Vejam o volume da Foxbit nas últimas 24h:

Cangas diz:

Somos a plataforma mais global. Nosso objetivo é melhorar as oportunidades de comércio global, para atender pessoas que têm acesso limitado a serviços financeiros.

Bitcoins negociados no LocalBitcoins são geralmente mais caros (como os vendedores definem seus próprios preços), mas o serviço está em alta demanda. A Coin.Dance mostra que neste mês, as transações na Venezuela estão em alta bateram um novo recorde esse mês, como é o uso do serviço na Tanzânia e Peru – que hoje são os países que estão mais lutando para se recuperar da baixa bancarização de sua população. No pico das negociações semanais (14 de abril), o volume de LocalBitcoins nesses três países totalizou aproximadamente US$55 milhões, o que é seis vezes mais do que em LocalBitcoins nos EUA.

Esses casos tornam o LocalBitcoins lucrativo. De acordo com Kangas, o serviço que cobra 1% de comissão, recebeu mais de US$ 27,2 milhões em lucros em 2017, o que representa mais de três vezes o lucro de 2016. Apesar do declínio do mercado este ano, o volume de negociação, diz ele, continua a crescer:

Se você nos comparar com as principais exchanges que ganharam US$ 100 milhões por dia no ano passado ou algo parecido, então nos pareceremos com um pequeno jogador. Mas acho que estamos resolvendo o problema principal: que é como comprar ou vender Bitcoins.

Esse problema principal ficou ainda mais evidente em 2011, quando os irmãos tiveram a ideia de um serviço como esse.

Nikolaus, um programador finlandês, era fascinado pelo Bitcoin, uma nova moeda global que poderia tirar o poder dos bancos e talvez até dos governos. Mas os sites que ofereciam serviços aos compradores finlandeses eram terrivelmente difíceis de usar. Os irmãos Kangas queriam mudar isso. Acumulando alguns milhares de dólares por um ano para pagar por servidores, eles lançaram a LocalBitcoins.

A vida da LocalBitcoins nem sempre foi fácil. Por muitos anos, a empresa testou vários produtos (por exemplo, um serviço de faturamento comercial em 2014), mas nenhum deles se tornou tão bem-sucedido quanto a plataforma p2p.

Além disso, a LocalBitcoins apareceu em mais de quinze processos criminais envolvendo operadores individuais. Por exemplo, no ano passado, o Departamento de Justiça dos EUA condenou a LocalBitcoins, Michael e Randall Lord (pai e filho) a vários anos de prisão por negócios ilícitos(tráfico de remédios controlados) utilizando-se da plataforma.

O Reddit está cheio de dados sobre golpistas e hackers, que estão lucrando com usuários inexperientes da LocalBitcoins. Mas, em geral, todos esses casos não afetaram significativamente a popularidade da plataforma, dado o triplo aumento da receita no último ano.

Nikolaus disse que a equipe está muito preocupada com atividades ilegais no site e está cooperando com as autoridades para investigar quaisquer crimes nos quais a plataforma apareça:

Queremos seguir todas as normas e leis existentes, mas por enquanto, elas são completamente obscuras.

Embora esteja claro apenas que nos EUA a empresa deve relatar algumas transações como suspeitas. Qualquer transação de mais de US$ 10.000, precisam ser relatadas, aos órgãos de controle financeiro e cada estado americano possui seu próprio banco central e leis para mercados financeiros. – No dia 17 passado, foi o prazo final para os americanos pagarem seu imposto de renda e estimou-se que pelo menos US$25 bilhões em imposto sobre o lucro em Bitcoins fosse ser descontado, como noticiado aqui nesse portal -. Abrindo-se assim possibilidades inúmeras de brechas. O estado do Delaware, por exemplo é tido como um pequeno paraíso fiscal em solo americano, assim como os estados do Oregon, Montana e New Hampshire que só taxam seus cidadãos em 1,69%. Enquanto o Tennessee, tunga 9,44%. Os EUA portanto são um caso a parte no mapa global da LocalBitcoins. No restante do mundo – o cumprimento das regras de um determinado país – depende do comprador e do vendedor. A LocalBitcoins estabeleceu-se como um serviço, não como cúmplice de atividades ilegais que os usuários possam realizar. Essa distribuição de responsabilidade é uma das razões pelas quais a empresa conseguiu se manter à tona.

Como a LocalBitcoins geralmente opera em pequenas quantidades, raramente atrai atenção. Por exemplo, quando o Bureau of promotores Investor Protection New York iniciou uma investigação contra 13 exchanges incluindo Coinbase, Kraken e Gemini (que em grande parte operam como bancos)como já noticiado em primeira mão aqui nesse portal, a LocalBitcoins ficou de fora.

 

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Empreendedor, Cientista de Dados e cryptopesquisador.

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