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Bitcoin dispara e já atrai a atenção de grandes gestoras e de fundos de investimento

Em momentos de incerteza, os investidores costumam correr para os chamados ativos seguros, que preservam o valor do dinheiro, como ouro e dólar. No ano passado, quando a pandemia derrubou as perspectivas de crescimento global, o ouro se valorizou 55,9%, enquanto o dólar subiu quase 30% frente ao real. Já o bitcoin, a criptomoeda mais popular do mundo, saltou 300% em 2020 — e, segundo analistas, também conquistou um posto nos ativos de reserva de valor.

A avaliação é que, pela primeira vez, a criptomoeda passou a ser procurada por empresas, grandes gestoras e fundos de investimento, que alocaram no bitcoin parte de seu capital para evitar perdas com o impacto da pandemia de Covid-19. Mas especialistas alertam que o bitcoin já teve tombos homéricos no passado e não descartam novas desvalorizações, que podem superar 50%. Além disso, um período de apenas um ano não seria parâmetro para dizer que o bitcoin preserva o valor do patrimônio.

— O bitcoin começou a virar a página em 2020, deixando de ser algo exótico para se consolidar como mais um ativo no mercado. A entrada de investidores institucionais, incluindo gestores renomados, tesourarias de empresas, fundos tradicionais, grandes bancos, reforçou a tese do bitcoin como reserva de valor — diz João Marco Braga da Cunha, chefe da gestão da Hashdex, gestora brasileira focada em criptomoedas, que encerrou 2020 com R$ 500 milhões desses ativos.

Para Cunha, o maior sinal dessa mudança de patamar foi o fato de o PayPal, empresa americana de pagamentos on-line, ter passado a oferecer serviços de custódia e negociação de criptoativos a seus milhões de clientes. Isso, diz, vai ampliar o acesso à criptomoeda no varejo.

Tombos devem se repetir

A tese de que o bitcoin pode ser comparado ao ouro e ao dólar como reserva de valor se apoia também no comportamento da criptomoeda durante a pandemia. No início de 2020, valia pouco mais de US$ 7 mil. Em março, quando foi decretada a pandemia global, recuou US$ 4,9 mil. Mas foi ganhando valor e, em outubro, já valia US$ 13 mil. Na sexta-feira, chegou a ser negociado a US$ 41 mil, perdendo força depois, para retornar ao patamar da véspera, US$ 40.300.

A alta do bitcoin também tem sido alimentada pela percepção de que ele protege contra o risco da inflação, diz George Wachsmann, gestor de patrimônio da Vítreo. Para ele, juros baixos, crise de confiança e excesso de liquidez produziram um cenário perfeito para o teste das moedas digitais.

— Em março, com o início da pandemia, as pessoas estavam fugindo até do ouro. Ao longo do ano, o metal e o bitcoin foram se recuperando e acabaram valorizados — afirma.

  Foto: Editoria de Arte
  Foto: Editoria de Arte

O desenvolvimento de novas plataformas de negociação e o maior uso da tecnologia, diz Wachsmann, acabaram ajudando a elevar a demanda por criptomoeda. Ele lembra que pela primeira vez um grande banco, o JPMorgan, fez previsões para o bitcoin, estimando que possa chegar a US$ 146 mil no longo prazo.

— Até lá, porém, grandes tombos devem acontecer. Não descarto quedas de 50%, 60% ou 70% no valor do bitcoin — diz o gestor da Vítreo, que também tem fundos com exposição a criptoativos.

Para Arthur Lemos, criador da Empreender Dinheiro, plataforma digital de educação para investidores, qualquer ativo com uma valorização tão expressiva quanto a do bitcoin em 2020 chama a atenção dos investidores. Mas ele observa que os chamados ativos de risco têm muita volatilidade e demandam um perfil arrojado — a fim de aguentar o tranco na hora da perda.

Lemos recorda que, entre 2013 e 2015, o bitcoin perdeu 83% de seu valor. Ou seja, quem havia comprado R$ 1 mil ficou com R$ 170 nas mãos se sacou os recursos.

— Acredito que um período de 12 meses seja muito limitado para determinar se um ativo de fato preserva o valor do dinheiro. O bitcoin é um ativo muito recente em comparação ao ouro e ao dólar. E comprar criptomoeda apenas porque ela está se valorizando muito pode ser inadequado. Esse tipo de investimento precisa fazer parte de uma estratégia, em que o investidor diversifica suas aplicações — ensina Lemos.

Ele avalia que, em um portfólio que tenha ações, fundos imobiliários e renda fixa, a parcela dos recursos em criptomoeda deve ficar entre 2% e 10%, como forma de proteger o patrimônio. Lemos acredita que o lançamento de um ETF — fundo negociado em Bolsa — de bitcoin nos EUA poderia elevar ainda mais a aceitação da criptomoeda por investidores institucionais.

Por enquanto, a Securities and Exchange Commission (SEC, órgão regulador do mercado americano), barrou essa iniciativa. Mas, de olho na troca de comando no órgão que virá com a mudança de governo, um novo pedido já foi feito, e a expectativa no mercado é de aprovação.

Aplicar por fundo é opção

As criptomoedas circulam apenas em ambiente digital. Não há lastro nem regulamentação por parte de bancos centrais, o que ainda assusta muita gente que gostaria de investir nesse mercado. As operações são registradas pela tecnologia blockchain, que protocola as quantias transferidas, quem transferiu e recebeu, e o valor movimentado. O bitcoin é a mais popular das criptomoedas, mas há cerca de duas mil delas, como ethereum, litecoin e ripple. A Bloomberg estima que esse mercado já movimente US$ 1 trilhão.

Para comprá-las, é necessário abrir uma conta em corretoras especializadas. Ou aplicar por meio de um fundo, como os oferecidos por Hashdex e Vítreo, que começam com 20% do portfólio aplicados nesses ativos, com investimento mínimo de R$ 1 mil.

 

fonte: O Globo

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