Análises
Venezuela transaciona 3 vezes mais Bitcoins que Brasil. Mesmo com forte repressão do governo.
Adoção do Bitcoin atinge níveis recordes na Venezuela por conta da inflação astronômica de 8900%!
A República Bolivariana da Venezuela abriga uma das piores crises de hiperinflação do mundo de todos os tempos. O presidente Nicolas Maduro culpa os fatores externos e a sabotagem dos EUA pelo caos que os venezuelanos vivem. A inflação subiu para 8900% em março de 2018, de acordo com a tradingeconomics.com.
source: tradingeconomics.com
Como o valor do Bolívar venezuelano despencou nas ruas de Caracas, o que reduz o poder de compra do salário mínimo oficial, o governo continua emitindo mais moeda à medida que aumenta o salário mínimo nominal. A situação econômica é tal que, os venezuelanos precisam carregar dinheiro em carrinhos de mão para comprar um simples pão ou papel higiênico(itens raros de se achar nos comércios de Caracas). O dinheiro é medido por quilo.
“Quando começam-se a se pesar dinheiro, esse é um sinal de que a inflação está fora de controle. Mas os venezuelanos não sabem exatamente como está a situação real do país, pois o governo não publica e não revela nenhum dado econômico oficialmente.” – disse Jesús Casique, diretor financeiro da consultoria Capital Market Finance.
A previsão de inflação prevista para esse ano é desnorteante, também segundo Jesús Casique:
FMI
➖PIB (e) año 2018.
Argentina 2%
Brasil 2,3%
Chile 3,4%
Colombia 2,7%
Ecuador 2,5%
Perú 3,7%
México 2,3%
Haití 2%
Venezuela -15%➖Inflación (e) año 2018.
Argentina 19,2%
Brasil 3,9%
Chile 2,6%
Colombia 3,4%
Ecuador 2,5%
Perú 2,3%
México 3,6%
Haití 8%
Venezuela 12,874.6%— Jesús Casique (@jesuscasique1) April 22, 2018
O uso do Bitcoin está estimulando um número crescente de venezuelanos que querem sair dessa espiral de loucura que virou a economia venezuelana. O governo apesar de ter se lançado na seara das cryptomoedas, com o lançamento de sua Petro, trata o mercado de crypto local como atividade irregular e que atenta contra a integridade financeira do estado venezuelano. Há repressão estatal e policial contra todos os que transacionam Bitcoin no país. A Venezuela tem energia subsidiada, favorecendo a atividade de mineração. Todavia, ser descoberto como minerador é atrair a atenção de policiais corruptos e outros membros dos governos. Como a Venezuela não possui leis sobre cryptomoeda, a polícia prende os mineradores baseado em acusações “falsas”. As forças oficiais alegam normalmente como acusação, o roubo de energia(visto que ela é subsidiada)e contrabando. Há toda uma rede estatal para descobrir, prender e/ou extorquir os mineradores. A primeira ponta desse esquema está a Corpoelec, empresa estatal de fornecimento elétrico, em seguida as informações são passadas à Sebin, que é o serviço de inteligência venezuelano. Como resultado, muitas pessoas pararam de minerar ou estão minerando outras moedas, como Ethereum.
Erik Voorhees, fundador e CEO da ShapeShift.io, comentou dados recentes fornecidos pela Coin.dance, que apontavam para uma adoção exponencial do Bitcoin. O volume semanal LocalBitcoins para a semana de 14 de abril de 2018 foi de 2.789.991.957.138 bolívares venezuelanos. Na semana anterior, ficou abaixo de dois trilhões de VEF, a 1.744.669.576.098 bolívares venezuelanos.
O volume negociado na Venezuela é 3 vezes maior que no Brasil.
Como já noticiamos aqui nesse portal. A LocalBitcoins é a saída para os venezuelanos poderem transacionar seus Bitcoins. Desde que a Surbitcoins, uma exchange ligada à BlinkTrade, a mesma empresa que fornece a infraestrutura da Foxbit teve suas contas bancárias encerradas pelo governo e passou a sofrer represária por parte da Sebin, as operações via P2P, se tornaram a melhor saída para os venezuelanos.
“O volume de negociação de Bitcoin via P2P na #Venezuela bateu recorde na semana passada… infelizmente é tanto uma medida de adoção de BTC quanto de degradação #bolivar”, escreveu Erik Voorhees.
Volume of person-to-person Bitcoin trading in #Venezuela hits record high last week… sadly as much a measure of BTC adoption as it is of #bolivar debasement. https://t.co/mNAuT3KWb4
— Erik Voorhees (@ErikVoorhees) 19 de abril de 2018
Como Erik Voorhees mencionou, a maior parte desse volume nos Bolívares venezuelanos é resultado da hiperinflação que tomou conta do país. Os volumes de negociação semanais de Bitcoin mostram uma imagem diferente. Nas últimas duas semanas foram transacionados entre 663 a 652 Bitcoins. A maior alta de todos os tempos foi de 805 Bitcoins na semana de 08 de abril de 2017, um ano atrás. O comércio de Bitcoin diminuiu constantemente até 157 moedas na semana de 06 de janeiro de 2018. Mas com a inflação alcançando níveis recordes, o Bitcoin voltou com força na Venezuela.
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Empreendedor, Cientista de Dados e cryptopesquisador.
