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Bitcoin ou bolsa de valores?

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O Brasil se aproxima das 3 milhões de contas cadastradas em corretoras de valores, um aumento de 129% ante o ano anterior. Este fenômeno ocorre em um momento onde a rentabilidade da Renda Fixa, os investimentos considerados mais seguros, atingem seu menor patamar histórico.

Neste cenário onde a busca por investimentos de renda variável, ou seja, onde o retorno não é previsível, nem tampouco garantido, o Bitcoin surge como alternativa viável. Contudo, existem grandes diferenças entre ações de empresas listadas e as criptomoedas, tanto em sua essência, quanto na forma de investir.

De qualquer maneira, o Bitcoin deixou de ser um desconhecido após um histórico de 10 anos de negociação, além da listagem de derivativos na bolsa de valores de Chicago, CME. Similarmente, atuou a chancela de grandes investidores tradicionais como Paul Tudor Jones, e até mesmo empresas listadas em bolsa de valores nos EUA.

Como funciona a bolsa de valores?

As bolsas de valores são mercados onde é possível negociar participações em empresas, usualmente de grande porte. Esses investidores buscam adquirir ações com potencial de valorização, crescimento, ou capacidade de distribuir lucros.

Diante disto, as principais bolsas de valores do mundo não permitem acesso direto ao investidor, que deve atuar através de uma corretora de valores. Desse modo, é responsabilidade desse intermediador realizar a procedência do dinheiro, além dos controles de risco e execução de ordens.

O investimento em ações de empresa, fundos listadas em bolsa de valores, e contratos derivativos é considerado Renda Variável. Dessa forma, fica claro que é possível ter retornos negativos mesmo investindo em sólidas e tradicionais empresas pagadoras de dividendos.

Portanto, as corretoras de valores oferecem acesso à negociação nas bolsas de valores para pessoas físicas, empresas, fundos de investimento, e investidores estrangeiros. Todo o processo é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sob supervisão do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Como funciona o mercado de criptomoedas

A negociação das criptomoedas entre seus usuários é livre, por conta de sua natureza descentralizada. Ou seja, não é possível controlar ou censurar transações, por conta da ausência de uma entidade central, ou até mesmo mecanismos de regulação.

No entanto, existe um risco na negociação direta entre pessoas, conhecida como p2p, ou ponto-a-ponto. Para o comprador, existe o risco de entregar primeiro o dinheiro, para somente depois receber as criptomoedas. Além disto, não é possível avaliar a procedência destas criptomoedas. Já o vendedor pode acabar recebendo Reais (R$) que passaram por contas suspeitas, e até mesmo o risco de ter o TED estornado.

Nesse sentido, foram criadas as exchanges, corretoras que intermediam as transações de criptomoedas. Desse modo, as exchanges cobram uma pequena taxa em cada negócio, em troca do serviço de verificação da origem dos valores, dando segurança para ambos os lados. Ao mesmo tempo, cria-se um ambiente com maior liquidez, unindo interessados na negociação da mesma criptomoeda.

De forma similar às corretoras de valores, existe um código de autorregulação, no qual o Mercado Bitcoin orgulha-se em ter participado ativamente junto à ABCripto. As exchanges são reconhecidas com código próprio CNAE do IBGE, sendo as atividades de corretagem e custódia de criptoativos completamente legal.

Investir em bolsa de valores ou Bitcoin?

Primeiramente, devemos entender que ambos não são excludentes. Dentre as alternativas oferecidas em bolsa de valores existem empresas consolidadas, com baixo endividamento, e perspectivas mais claras de rentabilidade. Ao mesmo tempo, há empresas em recuperação judicial, segmentos com maior variação de resultados, além de instrumentos derivativos de alto risco.

Por este motivo, é importante conhecer seu perfil de risco, que envolve não só o nível de conhecimento de mercado, mas também horizonte de prazo, e capacidade de lidar com variações maiores nos retornos. O investidor conseguirá reduzir o risco de sua carteira ao elaborar uma carteira diversificada. Deste modo, deve alocar em ativos que apresentem fatores de risco e vetores de crescimento diferentes entre si.

O Bitcoin tem como principal característica a escassez, conseguida através de seu calendário de emissão decrescente de novas moedas a cada ano. Em contrapartida, as empresas têm um incentivo a emitir novas ações, ou realizar ofertas no mercado secundário de estoque nas mãos dos controladores.

Ao mesmo tempo, as ações de empresas sofrem com o risco de mudanças na tributação, controle de capital estrangeiro, além de eventuais censuras à determinada classes de investidores. Discute-se nos EUA a proibição de investimento em empresas com capital chinês, por exemplo.

Volatilidade

Volatilidade é a facilidade de expansão e contração de alguma medida. Em finanças, significa fortes oscilações de preço, não importa se positivas ou negativas.

Um Título de Renda Fixa, por exemplo, apresenta leves ganhos diários quase constantes, logo sua volatilidade é praticamente zero. Em contrapartida, um ativo cujo preço se move de forma abrupta e imprevisível, apresenta alta volatilidade.

Perceba no gráfico acima como a volatilidade do Bitcoin chegava a ultrapassar os 80%, enquanto o índice Ibovespa de ações dificilmente ultrapassava os 30%. No entanto, ao longo de 2020 houve um forte aumento nas variações diárias de retorno das ações, fazendo com que ambos os investimentos apresentem volatilidade semelhante.

Ou seja, atualmente não é possível afirmar que o risco do Bitcoin é superior ao do mercado acionário, ao menos na comparação de retornos históricos de 90 dias.

Rentabilidade

Conforme mencionado acima, a volatilidade não diz respeito à alta ou queda nas cotações, e sim a variação de seus retornos. Por este motivo, é importante analisar a rentabilidade de cada investimento, além do perfil de risco trazido pelo indicador de volatilidade.

  • Dados até 31 de agosto de 2020.

fonte: Mercado Bitcoin

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